O réu Francisco Cleidivaldo, baleado durante júri em São José do Belmonte (PE), estava sendo julgado por um homicídio cometido em 2012 e que teria sido motivado pelo sumiço de um burro. O homem morto há 12 anos era pai de Cristiano Alves, que, em novembro de 2023, invadiu o julgamento, atirou em Cleidivaldo e foi preso.
Segundo o processo do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o pai do atirador foi morto durante uma discussão com o réu por causa de um burro que fugiu de uma propriedade da zona rural. O réu procurava o animal dele, que estava desaparecido, enquanto o pai do atirador alegava que ele era um ladrão. O processo traz os depoimentos do réu e de uma testemunha do crime. (leia abaixo)
➡️VÍDEO: imagens de câmeras de segurança que viralizaram nesta semana mostram o momento em que um homem atirou e feriu o réu durante um júri em 2023 no Fórum de São José do Belmonte, no sertão pernambucano.
O homem baleado no júri aguarda novo julgamento, e o atirador segue preso.
Francisco Cleidivaldo confessou o crime
Durante ama audiência realizada em 21 de março de 2013, Francisco Cleidivaldo confessou ter atirado contra Francisco Alves, pai do atirador. O réu disse no depoimento que, no dia do crime, em 5 de outubro de 2012, ele estava procurando um burro que havia fugido de sua propriedade.
Quando encontrou Francisco Alves na propriedade dele, o sítio Posses, o réu perguntou se ele havia visto o animal, mas recebeu uma resposta grosseira. “Saia da minha propriedade seu ladrãozinho safado”, relatou o réu sobre a resposta que recebeu.
Isso provocou uma discussão entre os dois, porque Francisco Alves sacou um pedaço de madeira e foi para cima dele. Na tentativa de se proteger, ele efetuou um disparo de arma de fogo para cima.
O réu disse que mesmo com o disparo Francisco Alves continuou avançando na direção dele. Ele então efetuou outro disparo, para baixo. Ainda assim, Francisco não parou. Então, foi efetuado um terceiro disparo, que acertou a vítima.
Francisco Cleidivaldo fugiu depois disso e foi para a cidade de Salgueiro, onde foi preso em flagrante. O réu também disse no depoimento que já havia sido processado por tentativa de homicídio no povoado do Carmo e que esse crime se deu em razão de uma discussão.
Morte da vítima baleada
De acordo com o processo do TJPE, Francisco Alves foi levado a um hospital local e depois foi transferido para um hospital na cidade de Arcoverde. No entanto, ele morreu 18 dias após o ocorrido.
“Após obter a resposta negativa da vítima, o denunciado irritou-se e descarregou em direção à vítima os três projéteis que haviam na arma de fogo que portava ilegalmente, tendo um deles atingido a vítima no abdômen. Em seguida, o denunciado fugiu, enquanto a vítima foi socorrida por sua companheira e outros parentes, e encaminhada ao Hospital local, sendo posteriormente transferido para o município de Arcoverde-PE, porém vindo a óbito cerca de 18 dias depois”, diz o texto.
Testemunha confirmou as informações
Em uma das audiências de instrução e julgamento, realizada em 18 de fevereiro de 2013, uma testemunha relatou que atiraram na vítima na Lagoa Alexandre, que fica situada na divisa com o estado da Paraíba. Essa testemunha disse que não presenciou o crime, mas soube que Francisco teria ido até a vítima para perguntar sobre um burro para carregar madeira.
A vítima teria se incomodado com a pergunta feita por Francisco Cleidivaldo e foi com uma vara para cima dele com intenção de lhe agredir. Para se defender, o réu, que de acordo com a testemunha andava armado, atirou na direção dele.
A testemunha relatou ainda que desconhecia qualquer tipo de desavença anterior à que provocou o crime.
Crime no fórum
PorG1/Caruaru