Os salários dos trabalhadores estão há um ano sem aumento real (além da inflação) em negociações com patrões, segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (21) pelo Salariômetro, estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) que analisa as relações no mercado de trabalho.
A conclusão é feita com base em milhares de negociações de reajuste analisadas – apenas neste ano foram 11.788.
Na média delas, os trabalhadores tiveram apenas a reposição da inflação entre a data-base de um ano e a do ano seguinte. Isso aconteceu em sete dos doze meses analisados. Já as negociações que ocorreram nos outros cinco meses acabaram com perda do valor de compra, sendo abril o mês com pior resultado, com queda de 0,7%.
Para negociações com data-base em junho, o reajuste médio nominal foi de 7,1%, abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado para um período de 12 meses – fechou em 8,9% até maio. O INPC é o índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mensura especialmente a variação de produtos e serviços para famílias com renda de até 5 salários mínimos.
“É o resultado de duas forças que atuam contra reajustes reais: desocupação seguida de inflação. Primeiro, a recessão causada pela pandemia, que gerou muita desocupação e retirou poder de barganha dos trabalhadores. Segundo, agora se soma a isso a inflação, que limita a capacidade das empresas de conceder aumentos maiores para compensar a perda de poder de compra dos salários”, afirmou o professor sênior da Faculdade de Economia da USP, Hélio Zilberstein, que é o coordenador do projeto Salariômetro da Fipe.
Segundo o novo boletim do Salariômetro, em junho, 41,9% dos reajustes concedidos ficaram abaixo da variação anual do INPC, 30,7% tiveram patamar igual e apenas 27,4% ficaram acima.
Via PE Notícias