O relatório mostra que nenhuma localidade tem hoje todas as boas práticas para incentivar e facilitar a atividade empresarial. Há, na verdade, forte variação do ambiente de negócios entre os 26 Estados e o Distrito Federal. Mesmo os que se destacam em uma frente têm deficiências em outras.
É o caso de São Paulo, que obteve o melhor desempenho geral na facilidade de fazer negócios. Embora tenha ficado em 1.º lugar no registro de transferências imobiliárias, o Estado é o 14.º na abertura de empresas, 15.º na obtenção de alvarás de construção e 19.º no pagamento de impostos.
Já o Espírito Santo, que lidera na facilidade de pagar impostos, ficou em penúltimo lugar no ranking geral porque teve desempenho aquém dos demais Estados nos outros quesitos avaliados. Os capixabas são o 5.º em registro de propriedades, 9.º em abertura de empresas, 22.º em alvarás de construção e último colocado em execução de contratos.
O relatório do Banco Mundial também mostrou comparações entre os Estados para ilustrar as disparidades entre as regiões. Os custos para se abrir uma empresa, por exemplo, são quase dez vezes mais altos em Mato Grosso do que no Ceará, principalmente por causa dos custos dos alvarás municipais. Abrir um negócio leva 9,5 dias em Minas Gerais e 24,5 dias no Distrito Federal.
Além disso, empresas que precisam resolver uma disputa comercial descobrirão que o processo é mais barato e quase três vezes mais rápido em Sergipe do que no Espírito Santo. Em Roraima, por sua vez, leva-se um terço do tempo observado em Pernambuco para uma empresa obter os alvarás para a construção de um armazém.
Os Estados foram avaliados pelas suas capitais. Para o organismo multilateral, a disparidade dos resultados mostra que em todas as localidades há oportunidade de “troca de experiências” para aprimorar o ambiente. “Há exemplos de boas práticas em Estados de todas as regiões, níveis de renda e tamanhos”, diz o Banco Mundial no relatório.
Ranking dos estados onde é mais fácil fazer negócios:
São Paulo (São Paulo)
Minas Gerais (Belo Horizonte)
Roraima (Boa Vista)
Paraná (Curitiba)
Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)
Tocantins (Palmas)
Mato Grosso do Sul (Campo Grande)
Sergipe (Aracaju)
Ceará (Fortaleza)
Piauí (Teresina)
Goiás (Goiânia)
Distrito Federal (Brasília)
Rondônia (Porto Velho)
Acre (Rio Branco)
Maranhão (São Luís)
Amazonas (Manaus)
Paraíba (João Pessoa)
Alagoas (Maceió)
Mato Grosso (Cuiabá)
Santa Catarina (Florianópolis)
Rio Grande do Norte (Natal)
Rio Grande do Sul (Porto Alegre)
Pará (Belém)
Bahia (Salvador)
Amapá (Macapá)
Espírito Santo (Vitória)
Pernambuco (Recife)
Abaixo da média
A especialista em desenvolvimento do setor privado do Banco Mundial, Laura Diniz, afirma que, mesmo os líderes em determinados critérios, ainda estariam abaixo da média de países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Mesmo que replicassem todas as boas práticas do Pará (para abertura de empresas), o Brasil ainda teria desempenho abaixo da OCDE”, diz.
Segundo ela, a complexidade de negócios e a burocracia são desafios em todos os Estados. “No Brasil, na média, são necessários 11 procedimentos para abrir negócios.” No diagnóstico do Banco Mundial, as principais causas para a complexidade burocrática incluem a falta de coordenação entre as agências envolvidas nos processos e uma implementação desigual e fragmentada dos programas de reforma.
O desempenho geral nas cinco áreas mostra que fazer negócios é mais fácil em São Paulo, Minas Gerais e Roraima. Isso significa que esses três Estados tendem a ter regulamentação de negócios mais eficiente, ou seja, as empresas conseguem operar com processos mais rápidos, simples e menos custosos do que a média nacional.
O relatório foi encomendado pelo governo brasileiro, por meio da Secretaria-Geral da Presidência, e financiado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Ambiente de negócios
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, diz que o governo tem como objetivo criar condições para o Brasil se aproximar das 50 primeiras colocações entre os países com melhor ambiente de negócios do mundo. No ranking global, com 190 países, o Brasil ocupa hoje a 124.ª posição em termos de ambiente de negócios.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirma que o diagnóstico da situação dos Estados é o “primeiro passo” para avançar na agenda de reformas e aprimorar o ambiente de negócios. “O Brasil precisa desse tipo de inteligência e avaliação. Com as reformas tributária e administrativa e um ambiente de negócios saudável, com novas perspectivas para produzir, gerar renda e empregos, temos uma perspectiva mais favorável quanto ao nosso futuro”, afirma Sidney.
Resposta do Governo de Pernambuco
Em, nota, o Governo de Pernambuco ressaltou o ambiente geral do Brasil para negócios. “O Brasil, de maneira geral, não tem um ambiente propício a realização de negócios, ocupando as últimas colocações no ranking mundial. Dos cinco índices considerados, apenas um (processo de abertura de empresas) diz respeito exclusivamente à ingerência do Estado e nesse índice, Pernambuco figura em 11o lugar do Brasil. Com a recuperação da capacidade de investimento, obtida pelo Estado em 2021, a melhoria do ambiente de negócios com ações integradas com os municípios, a iniciativa privada e o Judiciário será uma das prioridades da gestão, a partir do segundo semestre.”, encerra a nota.