Em dezembro de 2021, o consultor de empresas Silmar Strübbe, perdeu o Natal em família após a Itapemirim Transportes Aéreos (ITA) cancelar a passagem que ele havia comprado para Porto Alegre. Sem opção de ser realocado em outro voo, à única alternativa oferecida foi o reembolso, mas até hoje ele não teve o dinheiro devolvido.
“Já fiz o pedido pelo site da empresa, telefone, chat, Procon e pelo portal Consumidor.gov. Em nenhuma das cinco alternativas eu fui atendido”, afirma.
A situação de Silmar não é única. Dois meses após a ITA anunciar a suspensão de suas atividades, passageiros que tiveram as passagens canceladas dizem não ter recebido o valor pago e reclamam da dificuldade em conseguir uma resposta da empresa.
No Procon de São Paulo, as queixas contra a companhia explodiram nos últimos meses. Em dezembro, mês do encerramento das operações, foram 2.352 reclamações e, até o dia 18 de janeiro, mais de 1.600 haviam sido registradas.
A suspensão dos voos afetou mais de 133 mil passageiros. Na época, a Itapemirim alegou que tomou a decisão diante da paralisação de funcionários de uma empresa terceirizada, e que pretendia retomar suas atividades no último dia 17 de fevereiro.
Procurada para explicar os problemas em relação ao reembolso, a companhia disse que enviaria um posicionamento até quinta-feira (24), mas não o fez.
A ITA chegou a assinar um acordo com o Procon-SP no dia 28 de dezembro, se comprometendo a reembolsar, num prazo de até dez dias corridos, todos os consumidores que registrassem reclamação no site do órgão. Contudo, a promessa não foi cumprida.
Silmar, por exemplo, seguiu todas as orientações do Procon. “Teoricamente, até o dia 8 de janeiro eu deveria ter recebido o dinheiro, mas ainda não devolveram o valor das passagens de ida e volta. Estou com um prejuízo de R$ 700 reais”, afirma.
O consultor diz que só conseguiu uma resposta da companhia quando fez a queixa pela plataforma Consumidor.gov. Segundo ele, a ITA mandou um e-mail com o comprovante do estorno de um dos trechos, mas a operadora de cartão de crédito não confirmou. “Falaram que não vão reembolsar um valor que não receberam.”
Na última semana, Silmar tentou contato mais uma vez pelo site da companhia, em vão. “O chat não funciona mais, e-mail eles nem respondem. Simplesmente largaram de mão”, diz. “A Itapemirim se apropriou do nosso dinheiro, não prestou serviço e agora não devolve”, acrescenta.
Fernando Capez, diretor-executivo do Procon de São Paulo, diz que o órgão teve boa vontade em aguardar que a ITA fizesse o reembolso dos consumidores, mas como isso não aconteceu até hoje, a companhia será multada em cerca de R$ 11 milhões.
“É uma pena, porque a multa pune, mas não resolve o problema do consumidor. O acordo sempre é o caminho”, afirma.
O diretor explica que a ITA até solicitou o estorno dos valores no prazo combinado, mas fez de forma equivocada, segundo informaram as instituições financeiras.
“As instituições disseram que a Itapemirim solicitou o estorno pelo método errado e que era preciso refazer. Isso atrasou [a devolução do dinheiro] e, por isso, nós entendemos que a obrigação assumida foi descumprida”, diz.
Via PE Notícias