Desde que foi anunciado pelo governo estadual, o cronograma de retorno às aulas presenciais em Pernambuco não agradou nenhum dos polos. De um lado, o Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco (Sinepe), que defendia a flexibilização, o considerou “frustrante e contaminado pela eleição”, enquanto o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) chamou a decisão de “contraditória e desrespeitosa”. Após diversos impasses desses e de outros sindicatos, inclusive judiciais, o início, previsto para esta terça-feira (06), com os alunos do 3º ano do ensino médio, não aconteceu, de fato.
Nas escolas estaduais, os 80 mil alunos estão liberados para ir até as escolas, mas os professores deflagram greve nesta madrugada. Nessa segunda-feira (05), a Justiça do Trabalho acatou um pedido do Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE) para suspender o retorno das atividades presencias nas unidades de ensino privadas. Assim, somente na rede federal, onde estudam cerca de 1.500 jovens, não há impasse e o retorno da comunidade escolar poderá acontecer. Entretanto, nem o Colégio Militar do Recife, nem o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nem o Instituto Federal de Pernambuco abrirão as portas nesta semana.
A paralisação dos docentes da rede estadual vale apenas para as aulas presenciais. Eles ignoraram a determinação da Justiça para que não paralisassem as atividades, sob multa de R$ 50 mil por dia, em ação movida pelo governo de Pernambuco, na última sexta-feira (02) e julgada neste domingo pelo desembargador Fábio Eugênio Dantas Oliveira Lima, que considerou a “paralisação ilegal e abusiva.” Uma nova assembleia foi marcada para quinta-feira (08), às 14h30. Nesta terça-feira (6), o Sintepe terá uma audiência com o Ministério Público do Trabalho para tratar sobre a greve. A unidade estadual Erem Sizenando Silveira, na Boa Vista, Centro do Recife, na escola, funcionários e alguns alunos compareceram, mas os professores não.
O retorno nas escolas que funcionaram
Por outro lado, no Erem Paula Frassinetti, no Espinheiro, Zona Norte do Recife, também da rede estadual, não há greve. Dos quinze professores, sete têm comorbidades e, por ser do grupo de risco, não podem ir às aulas, mas os outros oito devem comparecer. Com 93 alunos do 3º ano, a escola espera receber metade desse total, que serão divididos em seis salas. Três funcionários trabalham na limpeza. Quando os estudantes chegam, uma pessoa borrifa álcool na sua mochila, o aluno higieniza a mão no totem com álcool em gel e tem a temperatura aferida. Além disso, a escola comprou tapetes sanitizantes. Nas aulas, o ar condicionado vai ficar ligado, mas as portas das salas vão ficar abertas. A unidade garante que no final do dia os filtros vão ser limpos.
Diante das regras do protocolo para evitar a transmissão da covid-19, o maior desafio para os estudantes é ficar longe dos colegas de turma, que não viam há meses. “Não poder ficar tão perto dos amigos vai ser o mais difícil”, conta Thiago Luiz Oliveira, 17, fera de Educação Física. Apesar disso, ele revela a alegria em poder voltar para as salas de aula. “O sentimento é de felicidade, é muito bom voltar para a escola, não estava conseguindo estudar pelo remoto porque tem várias coisas para nos distrair”, disse.
Via PE Notícias