O lado pernambucano da malha ferroviária segue enfrentando dificuldades. Dessa vez, foi a demissão de 14 representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Nordeste (SINDFER), que vêm, constantemente, denunciando o desmonte da Malha Ferroviária do Nordeste Oriental e o tratamento diferenciado recebido pelo projeto da Transnordestina no Ceará e em Pernambuco. O presidente do SINDFER, Luís Cláudio Gomes, conta que os 14 diretores do sindicato foram convocados para uma reunião na última quarta-feira (15), onde iriam discutir o dissídio da categoria e, ao final da pauta, foram surpreendidos com a informação das demissões. Demissão repentina “O representante da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), comunicou a demissão de todos, alegando que a empresa estava fechando o escritório no Recife. A legislação diz que se existe atividade econômica no local, a representação sindical deve permanecer. Hoje 360 pessoas trabalham em Salgueiro, na Fábrica de Dormentes de concreto, que fornece material para a ferrovia no Ceará”, afirma Gomes. O SINDFER adianta que vai ingressar com ação na ação na Justiça do Trabalho, pedindo a reintegração trabalhista dos demitidos, sob os argumentos de estabilidade sindical e ilegalidade da demissão. O sindicato também já denunciou as divergências com a FTL no Ministério Público Federal (MPF). Acusações infundadas? As lideranças do SINDFER afirmam, ainda, que o sindicato não tem atuação por empresa, mas por toda uma categoria. A FTL e a Transnordestina Logística S.A (TLSA) são empresas do Grupo CSN. Procurada, a empresa limitou-se a dizer que “as acusações são infundadas e que a FTL já não opera em Pernambuco há mais de 15 anos”. Em 1998, a FTL assumiu a concessão da Malha Ferroviária Nordeste Oriental, que conecta os Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, por um período de 30 anos (até 2028). Portanto, a concessão permanece vigente, embora a malha esteja sem utilização desde 2010, por falta de investimento e manutenção, que deveriam ser realizadas pela concessionária. No final de 2023, a FTL solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a devolução da concessão. “Não é justo a empresa retirar seu CNPJ daqui deixando quatro Estados com uma ferrovia sucateada e sem devolver nada aos cofre públicos pelo prejuízo que causou”, pontua Gomes. Além do sindicato, empresários dos Estados prejudicados têm realizado movimentos e buscado explicações. Na cota de problemas da CSN com Pernambuco, além da Malha Nordeste, está a Transnordestina. Projetada para integrar os Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, tornando-se o maior projeto logístico do Nordeste, está em construção desde 2006, prestes a completar 20 anos. A obra atravessou vários governos, tendo a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) como concessionária e a Transnordestina Logística S.A (TLSA), como braço da empresa para o setor. Nos últimos dias de dezembro de 2022, a CSN e o então governo Bolsonaro fizeram um aditivo de contrato, retirando o trecho de Pernambuco do projeto da Transnordestina, que seguiria de Salgueiro a Suape. Diante de muita polêmica e pressão política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o trecho pernambucano seria mantido, ainda que fosse necessário executar com recursos do Governo Federal. Ferrovia de cá Foi anunciado um investimento de R$ 450 milhões para Pernambuco e um aditivo de contrato com a CSN, pelo qual a empresa receberá mais R$ 3,6 bilhões para concluir a ferrovia entre o Piauí e o Ceará. No último dia 7 de janeiro, inclusive, a Sudene liberou R$ 400 milhões em recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) para o financiamento de obras da ferrovia cearense. Em Pernambuco, o processo recomeçou do zero, com a necessidade de contratação de uma empresa de engenharia para elaborar os projetos básico e executivo do trecho Salgueiro-Suape. A Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes e responsável pelo projeto da ferrovia – fez uma licitação para contratar a empresa, com orçamento de R$ 15,217 milhões. Via PE Notícias