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Vereadora de Arcoverde-PE, que ofendeu jovem com deficiência anuncia que deixará o cargo

Vereadora Zirleide Monteiro (PTB)/Imagem: Reprodução/TV Câmara Arcoverde


A vereadora Zirleide Monteiro (PTB) afirmou, nesta sexta-feira (10), que vai renunciar ao seu mandato na Câmara dos Vereadores de Arcoverde, em Pernambuco. A decisão foi anunciada no mesmo dia em que uma comissão aceitou a denúncia contra a parlamentar. No dia 30 de outubro, ela declarou que uma mãe recebeu um “castigo de Deus” por ter um filho com deficiência.

O que aconteceu:
Em vídeo obtido pelo UOL, a vereadora confirma que enviou a Câmara de Arcoverde um ofício comunicando a renúncia ao mandato. “Quero comunicar a cada um de vocês o meu afastamento, estou encaminhando a Câmara de Vereadores um ofício comunicando a renúncia do meu mandato”, afirmou.

Zirleide diz que, nos últimos dias, refletiu por cada momento vivido após a declaração dita em plenário e agradeceu o apoio recebido. “Hoje, quero me dirigir ao povo de Arcoverde, e particularmente aos meus familiares, amigos, colaboradores, lideranças e eleitores, a quem agradeço de coração o apoio recebido, ressaltando que continuaremos juntos na caminhada por dias melhores para nossa querida Arcoverde”.

Nos últimos sete anos, utilizamos o nosso mandato sempre em favor da população e das pessoas mais necessitadas, com dezenas de projetos de lei voltados às pessoas deficientes, mulheres, LGBTQIAP+ e minorias, com a consciência tranquila de que cumprimos o nosso papel como vereadora em favor do povo.
Zirleide Monteiro

O presidente da Câmara, Wevertton Siqueira (Podemos), disse ao UOL que não recebeu o ofício com a comunicação da renúncia da parlamentar. Siqueira acredita que a documentação deve ser entregue na próxima segunda-feira (13).

Denúncia aceita por comissão
A denúncia contra a vereadora foi aceita, nesta sexta-feira (10), por unanimidade, por uma comissão formada pelo vereador Sargento Brito, pelo relator Everaldo lira e pela vereadora Célia Galindo. O trio para compor a mesa diretora que iria analisar o processo de cassação da parlamentar foi sorteado no dia 3 de novembro.

Na próxima segunda-feira (13), seria realizada uma sessão para os parlamentares decidirem se haveria ou não a instauração do processo de cassação do mandato da parlamentar, explicou o presidente da Câmara.

Se a maioria decidisse que o processo de cassação deveria seguir, o trâmite duraria cerca de três meses. Caso a maioria do plenário votasse pela não instauração do processo, o caso seria arquivado.

Na última semana, o PTB decidiu expulsar a vereadora do partido. O UOL tentou contato com Zirleide, mas não houve retorno. Ela desativou o seu perfil no Instagram após a repercussão do caso.

Entenda o caso

A declaração da vereadora foi feita após ela reclamar ter sido “vítima” de um meme feito por uma servidora da casa, mãe do jovem que foi vítima da fala preconceituosa. Segundo Zirleide, a servidora divulgou nas redes sociais o vídeo de uma queda dela na Câmara na semana passada.

Não preciso citar o nome da cidadã, que o castigo de Deus, ele dá aqui em vida. Quando ela veio com um filho deficiente, é porque ela tinha alguma conta a pagar lá com aquele lá de cima. Ela já veio para sofrer.
Zirleide Monteiro, vereadora durante sessão na Câmara.

Zirleide disse que essa mulher — que não teve o nome citado por ela — ficou fazendo “chacota” com ela. “O que essa cidadã fez durante o último final de semana, acho que ninguém merece.”

O presidente da Câmara repudiou a fala da vereadora.

Eu acho que a senhora foi muito infeliz em suas palavras, em dizer que o filho de uma mãe veio deficiente porque é um castigo de uma pessoa ser ruim ou de uma pessoa ser boa. Quero pedir desculpa, em nome da vereadora Zirleide; eu, como presidente, quero pedir desculpa em nome dela a todas as mães que têm um filho deficiente aqui em Arcoverde, em Pernambuco e em todo o Brasil.
Weverton Siqueira, presidente da Câmara Municipal de Arcoverde (PE)

Após a intervenção de Siqueira, a vereadora se negou a pedir desculpas e voltou a criticar a ‘chacota’ que teria sofrido.

O presidente da Câmara ainda pediu para que as pessoas relevassem a fala da vereadora. Ela está em segundo mandato, e na eleição de 2020 teve 1.856 votos, sendo a segunda mais votada na cidade do sertão pernambucano.

Com a repercussão do caso, a vereadora desativou seus perfis nas redes sociais e divulgou uma nota à imprensa em que pede desculpas pela declaração. Zirleide disse também que lhe faltou “tranquilidade e serenidade” após ser alvo de “agressões, mentiras e ofensas”.

Antes de tudo, quero pedir de perdão, desculpas, particularmente às pessoas com deficiências e aos seus pais, pela infelicidade dita durante a última sessão da casa legislativa. Nunca, em nenhum momento de nossa vida, fui capaz de ser ofensiva com as pessoas que ultrapassassem o âmbito de sua atuação administrativa, pois sempre nos pautamos pelo respeito e pela luta em defesa das pessoas com deficiências, assim como fizemos em defesa dos portadores com o transtorno do espectro autista
Nota enviada pela vereadora

Garoto ofendido por vereadora tem síndrome rara: ‘Não deixo mais me afetar’

João, que está se preparando para o Enem, tem autismo e nasceu com uma síndrome rara chamada Moebius. A doença paralisa os nervos responsáveis por expressões faciais e pelo movimento dos olhos. Ele e sua mãe, a assistente social Luzia Damasceli Guedes dos Santos, conversaram com o UOL

“Já sofri bullying e tive depressão. Levei um tempo para conseguir conviver em sociedade. Minha mãe sempre me preparou para enfrentar um mundo preconceituoso”, desabafa o jovem.

Luzia afirma que a fala preconceituosa da vereadora Zirleide Monteiro, durante uma sessão no dia 30, foi dada após uma discussão entre ambas nas redes sociais por questões políticas.

‘Preparei meu filho’

Estudante João Henrique Guedes Santana, vítima de preconceito, e sua mãe, Luzia Damasceli Guedes dos Santos; com 18 anos, ele nasceu com síndrome rara/Imagem: Arquivo pessoal


A assistente social afirma que buscou integrar o filho à escola e à sociedade em geral para que ele fosse aceito pelos colegas. Ela diz acreditar que foi a educação que tornou João um menino forte.

“O que essa mulher fez é monstruoso, não tem justificativa, estou revoltada”, afirmou Luzia. “Ela quis me atingir, por causa de uma briga boba de rede social, porém ela atingiu todas as mães com filhos com algum tipo de deficiência ou doença rara. Ela é uma preconceituosa, mas eu já perdoei.”

Preparei meu filho para enfrentar esse mundo das pessoas más e preconceituosas. Sempre digo: ‘Meu filho estude muito para provar para a sociedade que você é um grande homem e que você ainda será alguém na sua vida’. E assim tem sido
Luzia dos Santos, que é mãe solo aos 51 anos.

Via UOL

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