O ritmo que mais representa o Brasil no mundo está em luto. O grande sambista Nelson Sargento se despediu desta vida nesta quinta-feira (27), aos 96 anos. O artista foi diagnosticado com Covid-19 e estava internado, desde o dia 21 de maio, em uma unidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por meio da assessoria de imprensa do músico.
“A família e a equipe de Nelson comunicam, com pesar e tristeza, o falecimento do mestre, baluarte e Presidente de honra da Mangueira, Nelson Sargento ocorrido hoje, às 10h45, no hospital do Inca – Unidade Cruz Vermelha, no Rio de Janeiro, por complicações da Covid 19”, afirma o comunicado publicado na página oficial no Instagram do sambista.
Nascido no dia 25 de julho de 1924, o carioca Nelson Mattos (nome de batismo do artista) se mudou aos 12 anos de idade para o morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio. O contato com o padrasto, o português Alfredo Lourenço, abriu as portas da Estação Primeira de Mangueira, escola de samba da qual ele viria a ser uma das figuras mais respeitadas.
Carreira artística
Herdeiro da geração de Cartola (1908-1980) e Carlos Cachaça (1902-1999), Nelson Sargento é o autor de “Cântico à Natureza” (1955), considerado um dos maiores sambas-enredo da Mangueira. “Falso Moralista”, “Berço de Bamba”, “Falso Amor Sincero” e “Agoniza Mas Não Morre” são outros sambas marcantes de Sargento.
Além da música, Sargento também fazia bonito nas artes visuais. Começou pintando paredes, mas depois passou a criar formas e desenhos em quadros. No festival Rock in Rio de 2019, apresentou uma mostra de 14 das suas telas, que trazem motivos carnavalescos e barracos da Mangueira, o morro onde foi morar aos dez anos de idade.
O mestre do samba brilhou nas telas de cinema, atuando nos filmes “O Primeiro Dia”, de Walter Salles e Daniela Thomas, e “Orfeu”, de Cacá Diegues. Sua história foi contada no documentário “Nelson Sargento da Mangueira”, de Estêvão Pantoja, que venceu o prêmio de melhor trilha sonora no Festival de Gramado. Ele ainda escreveu os livros “Prisioneiro do Mundo” e “Um certo Geraldo Pereira”.
Via Folha de Pernambuco