Primeira “visita de trabalho” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ter se surpreendido “com a disposição do presidente”. Haddad chegou à residência de Lula em São Paulo por volta das 9h15 desta segunda-feira (16) e permaneceu no local por cerca de 2h30. Na saída, ao falar com jornalistas, disse que eles conversaram sobre as medidas fiscais e econômicas que devem ser votadas no Congresso nesta semana.
“Falamos sobre vários assuntos. Expus para ele [Lula] a situação da reforma tributária, o estado da arte, o que está para ser decidido pela Câmara agora em caráter definitivo e algumas reformas microeconômicas também que precisam ser votadas nesta semana”, informou Haddad.
Segundo o ministro, o presidente pediu um “quadro detalhado” desses assuntos para “garantir que não tenha desidratação das medidas fiscais e que a reforma tributária seja sancionada este ano com uma conciliação entre Senado e Câmara no entorno do que foi alterado”.
Os dois conversaram sobre alguns pontos da regulamentação da tributária aprovada no Senado que, segundo o ministro, “preocupavam mais”, como a retirada de armas e bebidas açucaradas do imposto seletivo – o chamado “imposto do pecado”. “Como não houve acordo com o governo sobre isso, pode ser que a Câmara decida revisitar esses temas”, afirmou o ministro.
Haddad disse ainda disse estar “muito convencido” de que o governo continuará cumprindo as metas fiscais no próximo ano. “Para a surpresa de alguns, nós não só não alteramos como vamos cumprir as metas fiscais de 2024″, afirmou aos jornalistas.
O governo tem uma semana decisiva no Congresso. A Câmara dos Deputados fará sessões de segunda-feira (16) a sexta-feira (20). Entre os assuntos estão o pacote fiscal do governo (com um projeto de lei, um projeto de lei complementar e uma proposta de emenda constitucional) e a regulamentação da reforma tributária.
Também está prevista a convocação de uma sessão do Congresso Nacional para votar projetos de créditos orçamentários para 2024 e os projetos de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 e a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025.
Haddad disse nesta manhã, ao sair da casa do presidente, que a expectativa é de o Orçamento ser votado ainda neste ano.
Antes de o presidente ser hospitalizado, a expectativa era de que uma reunião ministerial seria realizada no fim desta semana. Agora, não há certeza de data. Haddad disse, após visitar Lula, que essa reunião está condicionada à avaliação médica do presidente.
Segundo o ministro, Lula está “corado e bem”. “Me surpreendi com a disposição do presidente”, disse.
Lula teve alta hospitalar no domingo. Ele deve permanecer em São Paulo até quinta-feira, quando realizará uma tomografia, e, se estiver tudo bem, poderá retornar à Brasília.
Do Valor Econômico.