sex, 22 novembro 2024
InícioDestaquesLula e Fernandéz anunciam plano de "avançar nas discussões sobre uma moeda...

Lula e Fernandéz anunciam plano de “avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana”

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Argentina, Alberto Fernandéz, anunciaram que estão empenhados em avançar nas “discussões sobre uma moeda comum sul-americana”. O plano foi mencionado em um artigo, assinado pelos dois chefes de Estado, publicado neste domingo (22) pela revista argentina Perfil.

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Argentina, Alberto Fernandéz, anunciaram que estão empenhados em avançar nas “discussões sobre uma moeda comum sul-americana”. O plano foi mencionado em um artigo, assinado pelos dois chefes de Estado, publicado neste domingo (22) pela revista argentina Perfil.

O petista chegou a Buenos Aires nesta noite, em sua primeira viagem internacional desde que voltou ao Palácio do Planalto. A prioridade de Lula é retomar a relação bilateral entre os dois países, abalada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”, diz o texto veiculado na periódica.

Acompanhando Lula na viagem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que já tratou sobre o assunto com a sua contraparte, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa. Ele afirmou que ambos estão buscando alternativas para incentivar o comércio naquele país.

— A gente está quebrando a cabeça pra encontrar uma solução, algo em comum que permita incrementar o comércio. A Argentina é um dos países que compram manufaturados do Brasil, e a nossa exportação pra cá está caindo — explicou Haddad, pouco depois de desembarcar em Buenos Aires.

Integrantes do governo brasileiro ouvidos pelo O Globo ponderam, no entanto, que se trata de algo embrionário. Afirmam que a discussão sobre a uma possível moeda comum vai se iniciar durante o encontro bilateral entre Lula e Fernandez, marcado para segunda-feira, na Casa Rosada, sede do governo daquele país.

Auxiliares de Lula explicam, na condição de anonimato, que o debate gira em torno da criação de mecanismos facilitadores para a troca comercial entre os países. Na avaliação dos integrantes do governo brasileiro, a Argentina tem maior interesse na criação de uma moeda em comum para fortalecer a própria economia.

Os argentinos convivem com um cenário de instabilidade política e econômica. No ano passado, o país registrou uma inflação anual de 94,8%, a maior em 32 anos.

“História reescrita”
O texto publicado por Lula e Fernández diz que “dois povos irmãos voltam a se encontrar” e reforça que a “nunca deveria ter sido interrompida”, numa clara crítica velada à gestão e Bolsonaro, que se distanciou do país vizinho por falta de afinidade ideológica com o mandatário argentino.

O artigo também cita a visita de Lula como um ponto de partida para a repavimentação de espaços de diálogo em áreas como a de “combate à fome e à pobreza, saúde, educação, desenvolvimento sustentável, mudança climática e redução de todas as formas de desigualdade”.

Em outro trecho, os presidentes concluem: “De uma vez por todas, a história será escrita pelos nossos povos”, diz o texto.

Leia a íntegra do artigo:

Relançando a aliança estratégica entre a Argentina e o Brasil

Alberto Fernández

Luiz Inácio Lula da Silva

Dois povos irmãos voltam a se encontrar. Amanhã nos reuniremos em Buenos Aires para o primeiro encontro presidencial entre o Brasil e a Argentina em mais de três anos. Logo depois será realizada a VII Cúpula da CELAC, foro que reúne os 33 países da América-Latina e do Caribe e que, desde o ano passado, está sob a presidência da Argentina. O evento representará a volta do Brasil a esse mecanismo de diálogo e concertação regional. Essa relação nunca deveria ter sido interrompida e a história de irmandade latino-americana faz com que seja retomada. Ambos os encontros marcam um momento de recomeço, justamente no ano em que celebraremos o bicentenário das nossas relações diplomáticas.

Em Buenos Aires, vamos relançar a aliança estratégica bilateral, com a reativação de diversos espaços de cooperação e diálogo. São múltiplas as áreas em que voltaremos a atuar juntos em temas importantes para a qualidade de vida das nossas populações, como o combate à fome e à pobreza, saúde, educação, desenvolvimento sustentável, mudança climática e redução de todas as formas de desigualdade. De uma vez por todas, a história será escrita pelos nossos povos. Vamos fortalecer o papel da sociedade civil, dos governos estaduais e municipais e dos Parlamentos como atores dessa reaproximação. Sabemos que o sonho de estarmos unidos agora é uma realidade possível.

Os laços entre a Argentina e o Brasil têm como fundamento a consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais. Condenamos todas as formas de extremismo antidemocrático e de violência política.

A reindustrialização das nossas economias, com geração de emprego de qualidade e investimentos em inovação, merecerá atenção especial. O comércio entre a Argentina e o Brasil já tem alta participação de produtos industrializados em setores estratégicos. A integração entre as nossas cadeias produtivas contribui para mitigar choques externos, como os que ocorreram durante a pandemia. Não podemos depender de fornecedores externos para termos acesso a insumos e bens essenciais para o bemestar das nossas populações.

Contamos com um setor privado dinâmico e empreendedor, cuja contribuição ao processo de integração bilateral é cada vez mais necessária. Compartilhamos o firme propósito de fortalecer os já sólidos laços de comércio e investimentos entre os nossos países e promoveremos um seminário empresarial no contexto da visita presidencial.

Os nossos países continuarão desempenhando um papel fundamental para a segurança alimentar em um mundo afetado por riscos geopolíticos e graves interrupções nas cadeias de abastecimento. Estamos comprometidos em dotar a nossa agropecuária de elevados padrões de sustentabilidade e a manter seus altos níveis de produtividade.

Desejamos impulsionar projetos no campo da infraestrutura. Um tema central deste novo momento é a integração energética. A interconexão elétrica entre os nossos países já é uma realidade e a integração gasífera tem potencial para se tornar um dos projetos estratégicos da relação bilateral, com ganhos duradouros em atração de investimentos, geração de empregos e para a nossa segurança energética.

Consolidaremos a nossa posição de detentores de tecnologia nuclear para fins pacíficos, fortalecendo a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares e dando continuidade a projetos ambiciosos como o do reator multipropósito. Com a reativação do Grupo de Trabalho Conjunto sobre Cooperação Espacial, vamos colocar em órbita satélites para a realização de estudos costeiros e oceanográficos.

A relação fluente e dinâmica entre o Brasil e a Argentina é fundamental para o avanço da integração regional. Juntamente com os nossos sócios, queremos que o Mercosul constitua uma plataforma para a nossa efetiva integração ao mundo, por meio da negociação conjunta de acordos comerciais equilibrados e que atendam aos nossos objetivos estratégicos de desenvolvimento.

Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa. Trabalharemos juntos pelo resgate e pela atualização da Unasul, com base no seu inegável patrimônio de realizações. A Argentina e o Brasil estão decididamente engajados na construção de uma América do Sul forte, democrática, estável e pacífica.

Precisamos lidar com um mundo cada vez mais complexo e desafiador, e temos ampla convergência sobre a agenda multilateral. Falta vontade política efetiva para enfrentar os dilemas atuais e as grandes crises: mudança climática, pandemias, guerras, fome e imigração. A ONU e o G20 devem contribuir para preencher essa lacuna de liderança em prol da mudança. Ambos podem impulsionar pautas inclusivas, emitindo sinais claros para a atuação de organizações como a OMC, o FMI e o Banco Mundial. Vamos atuar de forma colaborativa em benefício da paz e do desenvolvimento.

O mundo mais justo e mais solidário que almejamos somente será viável se tivermos a coragem de ousar moldar o nosso futuro em comum. Esse é o sentido estratégico da integração bilateral.

Não existe nada mais emancipador do que a irmandade dos povos que vêm dos primórdios da nossa história para tomar posse do seu futuro.

Por FolhaPE

Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Tempo Hoje

Petrolândia
nuvens quebradas
25.7 ° C
25.7 °
25.7 °
67 %
2.7kmh
52 %
sex
37 °
sáb
38 °
dom
38 °
seg
33 °
ter
25 °

Mais Lidas