Ciro Gomes (PDT) desferiu severas críticas ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) ao comentar sobre as eleições presidenciais de 2018, onde o candidato de Lula, Haddad, saiu derrotado para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), à época filiado ao PSL.
“O PT se viu derrotado nas eleições. Eu estava simulando ganhando do Bolsonaro. Foi por isso que eu fui (pra Paris)? Não. Veja bem, lá atrás, Bial, eu venho de longa data, o Lula também. O Lula comete equívocos estratégicos que tem uma explicação: o lulocentrismo. O egolatrismo absolutamente sem contraste e agora piorado porque os grandes amigos que ele tinha que diziam ‘menos, Lula’ morreram todos. Ele está cercado de bajuladores de quinto nível. O ego do Lula agora não tem reparo, não tem contradição, despirocou geral. Não mudou nem uma ideia sobre nada. E agora tá piorado, porque ele considera, vamo dizer, que o crime compensa”, disparou Ciro, durante o “Conversa com Bial” desta segunda-feira (09/08).
“Nós merecemos que a população nos olhe criticamente. E o Lula será olhado criticamente, porque ele é a causa da tragédia brasileira”.
Ciro reforçou ainda que, no passado, tentou alertar o ex-presidente.
“O Lula pode fazer discurso coerente contra a corrupção, ok. Nunca deixei de denunciar que o Lula não vinha tendo o devido processo legal, mas o governo do Lula era organicamente corrupto. Eu tô falando com muita dor. Mas veja, eu disse ao Lula pessoalmente que o Michel Temer era corrupto, sabe qual foi a resposta da Dilma na data? O Ciro tá magoado. Eu disse ao Lula, não entregue para o Eduardo Cunha, que ele vai comprar a maioria e entrar na linha de sucessão”.
Chega, Bial. O mal que essa gente, que o Lula já fez ao Brasil, é muito maior que o bem que ele fez em algum momento”.
Eleições de 2018
Ciro Gomes falou também sobre uma possível aliança, onde ele sairia de presidente e Haddad como vice em 2018 e sua posterior ida a Paris durante o segundo turno das eleições.
“Ele pediu ao Haddad pra me consultar se eu topava essa aliança, mas eu nunca acreditei. O Lula tem um genuíno carinho pela população mais pobre, mas é uma generosidade de cima pra baixo. Ele quer essas pessoas dependentes dele. Ele não quer nunca que o povo brasileiro seja emancipado e que viva pelo suor do seu rosto, do seu trabalho e que não dependa de político nenhum para sobrevivência básica”.
“O Lula ele tem um estilo que é absolutamente peculiar, embora esteja muito manjado. Ele pessoalmente me pediu para ir a Curitiba. E eu achava aquilo, àquela data, uma vassalagem simbólica descabida. Aquilo que o Haddad topou fazer, toda semana ir lá. Aquilo não podia dar certo. O Brasil não precisa de um poste, Brasil precisa de um líder. Uma pessoa que venha para botar o país pra correr”.
Ciro ainda aproveitou a oportunidade para criticar a ex-presidente Dilma Rouseff. “Poste nós já tínhamos experimentado na trágica decisão do Lula de explorar sua popularidade generosa, parte merecida, de botar a Dilma. Experiência anterior zero que desastrou o país. Não conseguiu reunir no primeiro ano do mandato um terço da câmara de deputados.”
O candidato a presidência pelo PDT em 2018 fez ainda uma confissão a Pedro Bial.
“Na primeira noite, quando saiu resultado, eu declarei voto no Haddad… Sabe que até hoje eu nunca contei pra ninguém, mas até hoje, no momento em que eu lhe falo, o Haddad não me ligou pra dizer ‘Ciro, gostaria de ter uma conversa com você pra gente fazer um acordo, de incorporar algum elemento do seu programa”.
João Santana
Ciro respondeu a Bial ainda sobre uma possível “contradição” entre criticar abertamente Lula e ter contratado João Santana, ex-marqueteiro das campanhas presidenciais do PT
“O João é um extraordinário profissional. Um jornalista sem igual, várias experiências de jornalismo puro e simples. Orientou nove campanhas presidenciais no Brasil e no mundo e ganhou oito. Hoje nós somos amigos, eu diria a você. Tiramos horas a fio fora dessa discussão, é uma pessoa com quem eu discuto profundidades”.
“Ele é um prestador de serviços, nunca foi condenado por corrupção. Ele foi condenado por caixa 2 e pagou as penas, como nenhum outro marqueteiro brasileiro pagou. Ele reconhece que errou, pagou muito caro por isso e tá livre. Portanto não há contradição nenhuma em eu trazer um prestador de serviço qualificado, que confessou um erro, pagou por ele e já está absolutamente apto a desenvolver sua tarefa. Se não cairíamos na condenação moral eterna“.
VIA DIDI GALVÃO