14/12/2025 13:37

A serra-talhadense de 108 anos que conheceu Lampião antes do cangaço

Compartilhe:

A serra-talhadense de 108 anos que conheceu Lampião antes do cangaço

Fotos: Licca Lima e Arquivo Pessoal

De acordo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, a expectativa de vida da população brasileira em 2023, era de 76,4 anos no geral, de 73,1 anos para os homens e de 79, 7 anos para as mulheres. Embora a estimativa tenha aumentado nos últimos anos, houve também um declinio considerável, após o período de pandemia.

Mesmo assim, chegar aos cem anos, de forma lúcida e saudável, além de ser uma dádiva, é uma meta para muitas pessoas. Ultrapassar esta marca então, é algo ainda mais especial e motivo de alegria, por isso, nesta segunda-feira (2), a reportagem do Farol de Notícias foi até a residência de Dona Carmelita Aleixo, de 108 anos, moradora do bairro Alto da Conceição, em Serra Talhada, para conhecer sua história de vida.

Nascida no dia 3 de setembro de 1916, no sitio Bom Sucesso, zona rural do município de Serra Talhada, Dona Carmelita não chegou a estudar, casar, nem ter filhos, como era bastante comum naquela época, mas começou a trabalhar desde muito cedo, vivenciou muitos acontecimentos e com isso, sempre teve muitas e boas histórias pAra contar.

Dentre muitos dos acontecimentos que ela relata, estão ter conhecido Lampião, antes dele adentrar na vida de cangaceiro, ter visto a construção do Cine Teatro Guarany em Triunfo e a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Serra Talhada, essa, próximo de onde reside, desde a décaada de 60 até os dias de hoje.

Atualmente, um pouco mais debilitada devido a idade avançada e problemas de saúde, Dona Carmelita é cuidada por sua sobrinha e seu sobrinho-neto, que com bastante amor e carinho, cuidam da matriarca da família e hoje retribui o que ela fez durante muitos anos por eles:

“Ela foi quem me criou e agora, eu e meu filho, a gente se reveza diariamente para cuidar dela. Como ela não tem filhos, há muito tempo a gente cuida dela e ela ainda vai viver por muitos anos. A gente foi criado tudo junto, meu meninos consideram ela como a avó deles e todo mundo tem muito carinho por ela. Com ela, a gente aprendeu a trabalhar, respeitar os mais velhos e a não querer nada de ninguém”, afirmou sua sobrinha.

Ednaldo Nunes, sobrinho-neto de Dona Carmelita, abriu mão de seu trabalho e outras responsabilidades para dedicar-se o cuidado, com gratidão, ele relembra alguns dos momentos vivenciados. que fizeram parte da trajetória de sua tia:

“Ela é uma guerreira, pela idade que ela tem. Ela sempre trabalhou muito na roça, ajudou a criar os irmãos, que morreram entre 50 a 60 anos. Ela não teve leitura, sua caneta foi a enxada e o livro foi a roça. Depois ela veio para Serra, passou pela grande seca, ia ali para o Cariri a pé. Ela chegou aqui em Serra Talhada para trabalhar em casas de família e ajudou a criar muita gente, só parou de trabalhar devido aos problemas de saúde. Eu acho que a força de vontade, muito amor e carinho, foram essenciais para ela chegar até esta idade”, finalizou.

Via Farol de Notícias

Compartilhe:

Fale conosco