O falso médico Thiago Celso Andrade Reges, 36 anos, preso em Fortaleza por exercer de forma ilegal medicina, levava uma vida de luxo exibida em redes sociais. Ele gostava de expor viagens, carrões e jatinhos particulares nos perfis, além de exibir armas.
Documentos aos quais o g1 teve acesso mostram que o falso médico trabalhou em pelo menos quatro hospitais do Ceará. Em apenas um deles, na cidade de Itapajé, ele tinha remuneração mensal de R$ 42 mil.
Com certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), ele adquiriu armas de fogo, capturadas em operações policiais. Conforme a denúncia contra Thiago Celso, ele também usou parte do dinheiro obtido com o exercício ilegal da medicina para investir a cavalos de alto valor.
‘Inapto’ para função de diretor
Uma servidora de Itapajé, que prefere não se identificar, informou ao g1 que Thiago era conhecido na cidade e buscava fazer plantões para aumentar a remuneração. Quando houve vacância no cargo de diretor de uma unidade de saúde do município, ele se candidatou à vaga, mas foi reprovado por “ser considerado inapto para a função”.
A captura de Thiago ocorreu em 17 de fevereiro, no Bairro Cocó, em um prédio da área nobre da capital cearense. Além do exercício ilegal da medicina, ele é investigado por estelionato e falsidade ideológica e de documentos, pois tentou validar um falso diploma.
O caso corre em segredo de Justiça. Além disso, o homem responde por tráfico internacional de mulheres, no Acre.
Ordem judicial e prisão
Em 2020, por meio de uma decisão judicial, o falso médico conseguiu que a reitoria da Universidade Estadual do Ceará (Uece) aprovasse a revalidação nacional do diploma de médico supostamente obtido da Universidad Privada Abierta Latinoamericana, na Bolívia.
Na ocasião, ele chegou a ser registrado no Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec). Posteriormente, foi descoberto que o diploma era falso e que o homem não havia concluído o curso.
Durante as investigações, conduzidas pelo 5º Distrito Policial do Ceará, foi verificado que o Cremec já havia recolhido a carteira do órgão, que havia sido obtida de forma fraudulenta e instaurado procedimento administrativo contra o suspeito.
Na cidade de Mulungu, Thiago também foi médico plantonista temporário em um hospital municipal, em abril e maio de 2021. Na ocasião, ele recebeu salário de R$ 2 mil e R$ 5.200.
Em Pentecoste, Thiago foi médico plantonista do hospital da cidade por 11 meses, de janeiro a novembro de 2022. À época, o homem recebeu salários mensais de R$ 8.184 a R$ 11.360.
O período e o salário que o falso médico recebeu quando trabalhou no hospital de Baturité não foi disponibilizado pelo órgão.
Via: G1 CE