22/12/2024 14:07

Varíola do Macaco avança, traz preocupações e se alastra; já são mais de 70 cidades com registros em Pernambuco

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Uma nova atualização da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) sobre varíola dos macacos, divulgada na última quinta-feira, mostra que o Estado tem, até o momento, 502 notificações da doença. Segundo o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde de Pernambuco (Cievs-PE), desse total de casos suspeitos registrados, 42 casos foram confirmados, 351 casos ainda estão em investigação e 109 casos descartados.

Diante desse cenário de avanço da doença, surgem dúvidas, rumores e desinformação.

O Estado, que tem 73 das suas 184 cidades (além de Fernando de Noronha) com registros de monkeypox, já confirmou a transmissão comunitária da varíola dos macacos. Essa situação ocorre quando não é mais possível identificar a origem da infecção.

Sobre o atual contexto da varíola dos macacos, conversei com o infectologista Demetrius Montenegro, chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), sobre vários tópicos relacionados à epidemia. Confira:

Quem pode pegar varíola do macaco?

Em Pernambuco, dos casos confirmados de varíola dos macacos, 36 são do sexo masculino e 6 do sexo feminino. “Isso não significa, contudo, que o fato de ser homem aumenta a chance de se ter monkeypox, e muito menos a condição de ser homem que faz sexo com homem. Se focarmos nisso, mulheres, crianças e pessoas heterossexuais deixam de se proteger. Toda epidemia começa por uma população e, em seguida, espalha-se para outras, independentemente de gênero, cor, orientação sexual, faixa etária…”, diz Demetrius Montenegro.

A busca por casos de varíola do macaco deve ir além dos homens que fazem sexo com homens?

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), 99% da transmissão da varíola dos macacos ocorrem entre homens que fazem sexo com homens (HSH). É, de fato, uma comunidade fortemente afetada, mas isso não significa que a suspeita da doença deve passar longe de outros grupos populacionais. “Os primeiros casos foram nessas pessoas (HSH). Por isso, a transmissão está mais frequente nessa população. Mas isso não quer dizer que esse grupo tem uma maior chance de ser infectado pelo vírus (monkeypox). Por sinal, com a transmissão comunitária, essa característica atual pode se diluir entre outras pessoas e formas de transmissão”, alerta Demetrius Montenegro.

Só há transmissão da varíola do macaco durante o sexo?

Estudos e relatos de profissionais de saúde têm mostrado que atualmente a maior parte das infecções por monkeypox ocorrem durante o contato sexual. Nesta epidemia, a doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), mas é disseminada principalmente por contatos durante o sexo. “A relação sexual é atualmente a principal forma de transmissão da varíola do macaco. A questão é que, durante o sexo, há troca de fluidos, contato intenso, suor, fluidos genitais, saliva, respiração, contato próximo e por tempo prolongado. Tudo isso favorece uma exposição maior ao vírus”, diz Demetrius. Ele destaca que isso também explica por que a faixa etária mais acometida atualmente é a de adultos jovens. Até o momento, em Pernambuco, entre os 42 casos confirmados de varíola dos macacos, 32 têm de 20 a 39 anos.

Quais as outras formas de transmissão da varíola do macaco?

O vírus da varíola do macaco é de transmissão por contato e via respiratória. Ou seja, pode ser transmitido por contato com lesões, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. “É por isso que existe a possibilidade de transmissão intradomiciliar (residências como importante ambiente de transmissão da varíola dos macacos entre as pessoas). Vale ressaltar que, para a varíola do macaco, a transmissão respiratória, como na Covid, não é tão importante. Para monkeypox, tem maior repercussão o contato pele a pele”, destaca Demetrius. Ele orienta ainda que as pessoas, neste atual momento, evitem compartilhar copos e talheres, mesmo sem sinais da doença. “A pessoa pode estar na fase inicial da infecção, sem lesões, e já estar transmitindo”, acrescenta.

Varíola do macaco: quantos dias de isolamento para monkeypox?

Sintomas gripais, como dor de cabeça e febre, além de lesões na pele, são os principais sinais de atenção para a varíola dos macacos, a doença causada pelo vírus monkeypox. A prevenção deve considerar também o período em que o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa. Assim que acontece a infecção, pode-se ocorrer a transmissão da doença até o momento em que o paciente estiver com lesões na pele. “Quando aparecem os sintomas, a pessoa começa a transmitir o vírus. E isso será uma possibilidade enquanto houver lesões na pele. A transmissão só deixa de ocorrer quando as crostas de todas as lesões tiverem caído”, explica Demetrius.

Varíola do macaco: como deve ser feito o isolamento para monkeypox?

O isolamento de contato deve ser seguido até as crostas de todas as lesões tiverem caído. “Não se deve deitar na cama da pessoa infectada nem sentar no sofá. A roupa, de certa forma, protege porque, para a transmissão ocorrer, é preciso o contato de pele com pele. O tempo de isolamento de contato é indefinido e depende de paciente para paciente. Quanto maior o número de lesões, maior é o tempo de isolamento”, diz Demetrius. Ele ressalta que, para o paciente com varíola do macaco, o atestado médico para comprovar a necessidade de se ausentar do trabalho é de 10 dias. “Se for preciso, aumenta-se o período de afastamento das atividades”.

Varíola do macaco é grave? 

Segundo Demetrius Montenegro, alguns pacientes já precisaram ser internados. Mas a maioria evolui de forma benigna. “Os que mais apresentam quadro grave da varíola dos macacos são as pessoas com imunossupressão grave. Quando o agravamento ocorre é por complicações da lesão, que pode evoluir com uma infecção bacteriana”.

Como é a dor das lesões da varíola dos macacos? 

Pacientes relatam que as lesões causadas pelo vírus monkeypox causam bastante dor. “Isso ocorre especialmente quando acometem a boca, a mucosa anal e genital. Alguns relatam tanta dor na boca que não conseguem beber água. Nesses casos, recomenda-se internamento para fazer medicação endovenosa para controle da dor e hidratação, assim como na ocorrência de proctite (inflamação no revestimento interno do ânus), que causa um incômodo intenso”, orienta Demetrius.

Como prevenir a varíola dos macacos?

Como forma de prevenção da varíola dos macacos, recomenda-se evitar o contato direto com pessoas infectadas e sintomáticas, com lesões; lavar as mãos com água e sabão; uso do álcool em gel; utilização de máscara de proteção cobrindo nariz e boca. “Nos transportes públicos e em ambientes com aglomeração, a máscara se faz importante. O problema é sério e está se alastrando”, destaca Demetrius.

Via PE Notícias 

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