O enoturismo se consolidou como uma atividade em franca expansão no Vale do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. A área, que abrange municípios como Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, possui um diferencial geográfico único no mundo.
Graças às condições climáticas atípicas e à irrigação do Velho Chico, o Vale do São Francisco é a única região de enoturismo do mundo capaz de produzir duas safras de uvas por ano. Em decorrência disso, a região se tornou um polo de excelência em vitivinicultura e, consequentemente, em enoturismo.
A vitivinicultura no Vale do São Francisco, que é o motor do enoturismo local, gera um impacto econômico relevante para a região. Estima-se que o setor seja responsável por pelo menos 5 mil empregos diretos e indiretos, demonstrando o papel da uva e do vinho como ferramenta de transformação social e econômica no semiárido nordestino.
A produção de vinhos na região já representa cerca de 15% do mercado nacional de vinhos finos. O reconhecimento oficial veio em 2022, quando os vinhos do Vale do São Francisco conquistaram a Indicação de Procedência (IP) Vale do São Francisco para vinhos e espumantes. Este foi um marco, pois é a primeira IP de vinhos tropicais do mundo, agregando valor e visibilidade ao produto nos mercados nacional e internacional.
O desenvolvimento do enoturismo na região é impulsionado pelo crescente envolvimento das vinícolas com a atividade e pela diversificação dos produtos turísticos oferecidos. Em Pernambuco, vinícolas como a Rio Sol (em Lagoa Grande, do Grupo Global Wines) e a Adega Bianchetti Tedesco (também em Lagoa Grande, produtora de vinhos orgânicos) recebem visitantes.
O público enoturista no Vale do São Francisco é majoritariamente jovem, com 69% dos visitantes possuindo até 40 anos, segundo estudos. O turismo no local geralmente abrange a visita aos vinhedos, adegas e o processo de produção, culminando na degustação de rótulos e espumantes. Muitas experiências são integradas ao turismo fluvial, como o passeio de catamarã no Rio São Francisco.
O crescimento e a promoção do enoturismo no Sertão contam com o apoio ativo da Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco (Setur-PE) e da Empetur. A região é uma das principais trabalhadas pelo Governo para o desenvolvimento do turismo no interior do Estado.
Em ações de fomento, a Setur-PE, sob o comando do secretário Kaio Maniçoba, e o presidente da Empetur, Eduardo Loyo, têm reforçado o suporte às iniciativas locais, como o lançamento do selo “Viva Lagoa Grande” (em janeiro) e o avanço em parcerias estratégicas de cooperação internacional com Mendoza, na Argentina. Essa parceria busca o intercâmbio técnico e acadêmico para o desenvolvimento da rota em Pernambuco. Historicamente, a Setur-PE também participou de planos conjuntos com a Bahia para a divulgação e promoção do roteiro do enoturismo em feiras nacionais e internacionais, buscando formatar o produto em pacotes de viagens.
O fomento ao setor também é impulsionado por instituições como a Sudene, que tem reforçado o apoio à vitivinicultura na região. Em Lagoa Grande, a festa “Vinhuva Fest” é um dos principais eventos institucionais relacionados à produção.
Apesar do forte potencial e do apoio governamental na promoção, pesquisas apontam a necessidade de maior investimento em infraestrutura e em capacitação profissional para que o enoturismo no Vale atinja um patamar de reconhecimento nacional comparável ao da Serra Gaúcha (RS). Em conclusão, o esforço conjunto entre o trade turístico e o poder público visa a consolidação da região como um destino de referência para o vinho tropical.
Via PE Notícias
