Em contatos com a diplomacia brasileira, nas últimas horas, os governos do Egito e de Israel procuraram se isentar da responsabilidade pela ausência de brasileiros nas listas de cidadãos retirados da Faixa de Gaza.
Autoridades palestinas adotam a mesma postura. Com um jogando o problema no colo do outro, estão cada vez mais desafiadoras as gestões do Itamaraty para liberar os 34 brasileiros e familiares retidos em Gaza.
o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não tem clareza de qual tem sido o maior empecilho para a saída dos brasileiros pela passagem de Rafah.
Na interlocução com os egípcios, o Itamaraty foi informado de que as listas de cidadãos a serem retirados de Gaza passam por um “pente fino” de Israel. Nessa versão, os israelenses estariam desconsiderando a inclusão de brasileiros nas primeiras seleções, por razões supostamente políticas.
Ainda de acordo com essa versão, embora a fronteira seja entre Gaza e Egito, o controle das listas seria feito por Israel para evitar que integrantes do Hamas escapem do território palestino.
É importante lembrar sempre que, na prática, as forças militares de Israel têm a capacidade de bombardear as proximidades de Rafah e impedir a utilização na passagem. Por isso, então, o poder efetivo de liberar quem pode ou não passar.
O ponto é que essas informações são desmentidas com força pelas autoridades em Jerusalém. Diplomatas brasileiros receberam de altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores de Israel, nesta quinta-feira (02), a garantia de que não há absolutamente nenhuma discriminação contra brasileiros e de que não têm ingerência sobre a elaboração das listas.
Sinais disso: nenhum cidadão dos Estados Unidos, Alemanha ou Reino Unido, países que têm ótima interlocução com Israel, estava na primeira lista. Nem nacionais da América Latina ou da África.
Entre os liberados, estava um jordaniano e alguns indonésios. Detalhe: a Jordânia chamou de volta seu embaixador em Tel Aviv, em protesto pelos bombardeios em Gaza, e a Indonésia sequer mantém relações diplomáticas com Israel.
Isso seria uma evidência, na avaliação de diplomatas brasileiros, de que não haveria nenhuma indisposição ou “revanche” política israelense pelas posições defendidas pelo Brasil, por exemplo, no Conselho de Segurança da ONU.
Segundo informações transmitidas por Israel ao Itamaraty, a formulação das listas seria uma responsabilidade do Egito e das autoridades palestinas em Gaza.
CNN Brasil