23/12/2024 00:39

Conheça a história de três mulheres indígenas que conquistaram espaço na saúde pública brasileira; uma delas é de Jatobá-PE

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O Ministério da Saúde tomou a decisão inédita de colocar a direção dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas majoritariamente sob responsabilidade de indígenas. Entre os gestores, três mulheres já estão fazendo história: Ercília Tikuna, Midiã Cinta Larga e Roseli Pankararu são as novas coordenadoras dos Dsei Médio Rio Solimões e Afluentes (AM), Vilhena (RO) e Pernambuco (PE), respectivamente. Elas se reconhecem como mulheres indígenas que trilharam caminhos nas lutas pelos direitos e pela preservação dos costumes e cultura de seus povos.

Ercília Tikuna

Ercília nasceu em Tefé e é originária do povo Tikuna. Aos 38 anos, é técnica em enfermagem, assistente social e educadora popular. Ela saiu da sua aldeia – Tupã-Supé, no município de Uarini – pela primeira vez aos 14 anos de idade, para estudar em Alvarães, mas retornou após um ano e meio por falta de condições. “Foi um período marcado pelo choque de realidade, longe dos nossos costumes, vivendo uma nova cultura cheia de desafios”, relembra.

Midiã Cinta Larga

Midiã é natural de Cacoal (RO), indígena do Povo Cinta Larga. Morou na Aldeia Roosevelt, município de Espigão D’Oeste até os 12 anos de idade, onde aprendeu ensinamentos importantes da cultura do seu povo, sob os cuidados do seu pai, Oita Matina Cinta Larga, liderança na região.

Ela tem 29 anos e é enfermeira. Antes de se encontrar na profissão, Midiã trabalhou por seis anos em hospital privado, época em que ingressou e concluiu a faculdade de enfermagem.

“Seguindo os conselhos e ensinamentos de meu pai, iniciei minha carreira na saúde indígena, no ano de 2021, como coordenadora de equipe multidisciplinar no Polo Base Aripuanã, estado de Mato Grosso, onde fiquei até o início deste ano”, conta Midiã, agora na posição de coordenadora do Dsei Vilhena (RO).

Foi nessa época, ainda aos 14 anos, que ela ocupou seu primeiro cargo em um movimento indígena, onde assumiu uma responsabilidade coletiva. Oportunidades como essa impulsionaram Ercília na luta pelas causas sociais.

Aos 17 anos, se mudou para Tefé, no intuito de retomar os estudos, mas conta que, nesse tempo, passou a viver sob violência doméstica, distanciada de suas conquistas e ideais, em um contexto que acabou por lhe despertar força para lutar pelas mulheres que viviam ou ainda vivem em situação semelhante.

Ercília Tikuna é mãe de três filhos, irmã mais velha de quatro irmãos e conquistou a posição de coordenadora do Dsei Médio Rio Solimões e Afluentes (AM).

Roseli Pankararu

Rosália Ramos Andrade, 43 anos, é originária do povo Pankararu, município de Jatobá (PE). Conhecida como Roseli Pankararu, é mãe de 5 filhos, tecnóloga em administração e estudante de enfermagem. “Enquanto mulher, como gestora, como coordenadora, sei que posso enfrentar desafios como racismo, preconceito de gênero e até falta de representatividade. Mas estou aqui, no Ministério da Saúde, para trazer visibilidade e formar a consciência de que, nós mulheres, podemos e devemos ocupar novos espaços. Nós temos força, conhecimento, potencial, cultura, dinâmica, capacidade. Quero trazer uma escuta sensível, respostas técnicas, precisas e eficazes”, defende a coordenadora do Dsei Pernambuco (PE).

Por Ministério da Saúde/Site do Governo Federal

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