22/12/2024 14:30

Sem chuva, maior cachoeira de Mato Grosso do Sul seca

A maior cachoeira de Mato Grosso do Sul, chamada de Boca da Onça, secou há um mês. A vazão de água é nula e está ligada à falta de chuvas na região de Bonito (MS). A Boca da Onça tem 156 metros de altura e fica a 56 quilômetros de Bonito. Ela é a principal cachoeira em meio a outras cujo acesso ocorre por meio de trilhas da cidade de Bodoquena. O cenário paradisíaco e as atrações na natureza atraem cerca de 200 visitantes por dia e 40 mil ao ano. Quem conta é o gerente de turismo Cristiano Godinho, da Boca da Onça Ecotur. Ele lembra que nas redondezas há diversas trilhas, cânions, lagos e muitas cachoeiras, com formações únicas, além de atividades e esportes radicais, como o maior rapel de plataforma do Brasil, diz, com 90 metros de altura. Apesar da seca, Godinho afirma que o turismo continua em alta, pois a única cachoeira a secar, por enquanto, foi a Boca da Onça. “A região inteira tá assim, sem água. A Boca da Onça começou a secar no dia 28 de julho”. Segundo ele, a medição de chuva atual é a menor em quatro anos. “Estamos com atraso de chuva neste ano, um problema na região toda”, aponta. A estiagem é confirmada pelo meteorologista Vinicius Sperling, do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul. Ele aponta que a região está há um bom tempo com chuvas abaixo da média. “Os dados mostram que estamos desde 2019 abaixo da média climatológica, ou seja, na menor média histórica de chuvas desde então”. O meteorologista destaca que, mesmo com as fortes chuvas de agosto, os rios não encheram o suficiente para elevar os reservatórios e dar vazão às cachoeiras. Isso porque maio, junho e julho apresentaram situação de seca, segundo a Agencia Nacional de Água. “As excessivas chuvas de agosto não mudam o cenário de longo prazo, o que influenciou na cachoeira”, diz Sperling. A estiagem tem a ver com o fenômeno La Niña. “As mudanças no oceano, a circulação de ventos, a redistribuição de energia, tudo influência nas chuvas”, afirma o meteorologista. A expectativa é que o outubro volte a elevar as chuvas e que a Boca da Onça retome sua vazão. Enquanto isso, o turismo encontra alternativas. “Temos várias trilhas que levam a outros pontos de banho e visitação”, reforça o gerente de Turismo. Via PE Notícias

Varíola do Macaco avança, traz preocupações e se alastra; já são mais de 70 cidades com registros em Pernambuco

Uma nova atualização da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) sobre varíola dos macacos, divulgada na última quinta-feira, mostra que o Estado tem, até o momento, 502 notificações da doença. Segundo o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde de Pernambuco (Cievs-PE), desse total de casos suspeitos registrados, 42 casos foram confirmados, 351 casos ainda estão em investigação e 109 casos descartados. Diante desse cenário de avanço da doença, surgem dúvidas, rumores e desinformação. O Estado, que tem 73 das suas 184 cidades (além de Fernando de Noronha) com registros de monkeypox, já confirmou a transmissão comunitária da varíola dos macacos. Essa situação ocorre quando não é mais possível identificar a origem da infecção. Sobre o atual contexto da varíola dos macacos, conversei com o infectologista Demetrius Montenegro, chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), sobre vários tópicos relacionados à epidemia. Confira: Quem pode pegar varíola do macaco? Em Pernambuco, dos casos confirmados de varíola dos macacos, 36 são do sexo masculino e 6 do sexo feminino. “Isso não significa, contudo, que o fato de ser homem aumenta a chance de se ter monkeypox, e muito menos a condição de ser homem que faz sexo com homem. Se focarmos nisso, mulheres, crianças e pessoas heterossexuais deixam de se proteger. Toda epidemia começa por uma população e, em seguida, espalha-se para outras, independentemente de gênero, cor, orientação sexual, faixa etária…”, diz Demetrius Montenegro. A busca por casos de varíola do macaco deve ir além dos homens que fazem sexo com homens? Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), 99% da transmissão da varíola dos macacos ocorrem entre homens que fazem sexo com homens (HSH). É, de fato, uma comunidade fortemente afetada, mas isso não significa que a suspeita da doença deve passar longe de outros grupos populacionais. “Os primeiros casos foram nessas pessoas (HSH). Por isso, a transmissão está mais frequente nessa população. Mas isso não quer dizer que esse grupo tem uma maior chance de ser infectado pelo vírus (monkeypox). Por sinal, com a transmissão comunitária, essa característica atual pode se diluir entre outras pessoas e formas de transmissão”, alerta Demetrius Montenegro. Só há transmissão da varíola do macaco durante o sexo? Estudos e relatos de profissionais de saúde têm mostrado que atualmente a maior parte das infecções por monkeypox ocorrem durante o contato sexual. Nesta epidemia, a doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), mas é disseminada principalmente por contatos durante o sexo. “A relação sexual é atualmente a principal forma de transmissão da varíola do macaco. A questão é que, durante o sexo, há troca de fluidos, contato intenso, suor, fluidos genitais, saliva, respiração, contato próximo e por tempo prolongado. Tudo isso favorece uma exposição maior ao vírus”, diz Demetrius. Ele destaca que isso também explica por que a faixa etária mais acometida atualmente é a de adultos jovens. Até o momento, em Pernambuco, entre os 42 casos confirmados de varíola dos macacos, 32 têm de 20 a 39 anos. Quais as outras formas de transmissão da varíola do macaco? O vírus da varíola do macaco é de transmissão por contato e via respiratória. Ou seja, pode ser transmitido por contato com lesões, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. “É por isso que existe a possibilidade de transmissão intradomiciliar (residências como importante ambiente de transmissão da varíola dos macacos entre as pessoas). Vale ressaltar que, para a varíola do macaco, a transmissão respiratória, como na Covid, não é tão importante. Para monkeypox, tem maior repercussão o contato pele a pele”, destaca Demetrius. Ele orienta ainda que as pessoas, neste atual momento, evitem compartilhar copos e talheres, mesmo sem sinais da doença. “A pessoa pode estar na fase inicial da infecção, sem lesões, e já estar transmitindo”, acrescenta. Varíola do macaco: quantos dias de isolamento para monkeypox? Sintomas gripais, como dor de cabeça e febre, além de lesões na pele, são os principais sinais de atenção para a varíola dos macacos, a doença causada pelo vírus monkeypox. A prevenção deve considerar também o período em que o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa. Assim que acontece a infecção, pode-se ocorrer a transmissão da doença até o momento em que o paciente estiver com lesões na pele. “Quando aparecem os sintomas, a pessoa começa a transmitir o vírus. E isso será uma possibilidade enquanto houver lesões na pele. A transmissão só deixa de ocorrer quando as crostas de todas as lesões tiverem caído”, explica Demetrius. Varíola do macaco: como deve ser feito o isolamento para monkeypox? O isolamento de contato deve ser seguido até as crostas de todas as lesões tiverem caído. “Não se deve deitar na cama da pessoa infectada nem sentar no sofá. A roupa, de certa forma, protege porque, para a transmissão ocorrer, é preciso o contato de pele com pele. O tempo de isolamento de contato é indefinido e depende de paciente para paciente. Quanto maior o número de lesões, maior é o tempo de isolamento”, diz Demetrius. Ele ressalta que, para o paciente com varíola do macaco, o atestado médico para comprovar a necessidade de se ausentar do trabalho é de 10 dias. “Se for preciso, aumenta-se o período de afastamento das atividades”. Varíola do macaco é grave?  Segundo Demetrius Montenegro, alguns pacientes já precisaram ser internados. Mas a maioria evolui de forma benigna. “Os que mais apresentam quadro grave da varíola dos macacos são as pessoas com imunossupressão grave. Quando o agravamento ocorre é por complicações da lesão, que pode evoluir com uma infecção bacteriana”. Como é a dor das lesões da varíola dos macacos?  Pacientes relatam que as lesões causadas pelo vírus monkeypox causam bastante dor. “Isso ocorre especialmente quando acometem a boca, a mucosa anal e genital. Alguns relatam tanta dor na boca que não conseguem beber água. Nesses casos, recomenda-se internamento para fazer medicação endovenosa para controle da dor e hidratação, assim como na ocorrência de proctite (inflamação no revestimento interno do