Organizado pelos estudantes do curso Técnico em Agroecologia com apoio do SERTA – Serviço de Tecnologias Alternativas o 1º SEMINÁRIO DE AGROECOLOGIA no dia 10 de outubro de 2019, promovido no Campus de Ibimirim – PE, de fundamental importância porque partiu do olhar dos alunos, com participação de 150 alunos e convidados.
Com a apresentação do professor Germano Barros educador de Agroecologia no SERTA, logo após mística com Toré dos índios Pankará e com a mesa formada pelo ativista Pedro Paulo de Carvalho coordenador geral da ONG CAATINGA – Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas, a economista Dr.ª Cynthia Xavier ex-aluna do SERTA , professora da UFRPE,do deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB-PE), líder do governo na ALEPE, revelaram como eles veem os modelos Agroecológicos no semiárido, como estas tecnologias podem transformar o ambiente e as problemáticas do uso irresponsável e predatório do solo e da água do atual modelo e como transformar áreas de difícil manejo em áreas produtivas.
Nas falas sobre Políticas Públicas para a Agroecologia foi ressaltada o decreto Nº 35.387, de 03 de agosto DE 2010, precisando ser implementado, a importância de projetos de Extensão e Pesquisas vinculados ao SERTA, a necessidade da consolidação das Políticas Nacionais e do Plano Nacional de Produção Orgânica, incentivando programas que envolvam as tecnologias sociais e o importante papel dos Núcleos de Estudo em Agroecologia nas universidades e instituições de ensino e pesquisas que tem o papel de fortalecer o processo de formação e ampliação das relações interinstitucionais.
A Dr.ª Cynthia Xavier apresentou a metodologia e resultados dos Projetos Ciclos I e II e assegurou que a Agroecologia nasce da crítica ao modelo convencional de produção e pode ser vinculada às questões econômicas, sendo que na universidade a Agroecologia tem uma visão mais ecológica e que o benefício positivo da extensão é o contato com a sociedade. A professora Cynthia Xavier fez uma defesa intusiasmada das universidades federais que estão sob forte ataque do governo Bolsonaro que pretende desqualificar as Universidades Federais Públicas com cortes que inviabilizem o funcionamento como academias a serviço do país e seu povo.
Foi um espaço para construção de ideias que servem de base para as políticas de produção, Meio Ambiente e econômicas voltada para a população do semiárido brasileiro.
Pedro Paulo da ONG Caatinga disse que os povos do sertão tem que resistir e lutar com firmeza, por políticas que garantam dignidade e vê na Agroecologia o olhar sistêmico, tendo como principais atores as famílias agricultoras. Falou dos efeitos das mudanças climáticas no semiárido, tais como: pouca chuva, sua má distribuição e aumento da temperatura, pontuando que a estocagem (água, alimentos e sementes) é elemento básico de sobrevivência na Caatinga.
O deputado Isaltino Nascimento (PSB), líder do governo na ALEPE se posicionou como ativista e protetor do bioma Caatinga, sua relação é de respeito com a região, mesmo não sendo sertanejo de raiz sempre se dedicou aos cuidados desta região, fruto de sua experiência sindical e missionária em sua juventude. Foi questionado pelo ativista George Novaes de Petrolândia, cidade a 490 km da capital, às margens do lago da barragem de Itaparica, onde fica localizada a Usina Hidro Elétrica Luiz Gonzaga no Rio São Francisco, região onde o governo federal tem projeto para instalação de um usina nuclear no município de Itacuruba e que para isso precisa modificar a Constituição Estadual, projeto já apresentado pelo deputado estadual Alberto Feitosa (SD) propõem mudar via PEC o artigo 216 da Constituição Estadual que proíbe a instalação de usinas nucleares no território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica ou oriunda de outras fontes.
Ele disse que pelo menos 17 deputados são contra a Proposta de Emenda Constitucional, não soube o número exato de deputados que apoiam a PEC, e que paga mudar a Constituição Estadual é preciso 2/3 para aprovar, 30 votos favoráveis. Acredita que com pressão popular nas bases eleitorais os deputados não aprovem esta mudança constitucional. Vale lembrar que o deputado Alberto Feitosa (SD) foi o segundo mais votado em Itacuruba com 20,79% dos votos (639 votos) e agora quer colocar em risco o município e região com a construção dessa usina nuclear.
Como podemos conciliar a Agroecologia considerando todos os impactos que já refletiram de forma negativa no inconsciente popular como por exemplo os resultados do barrajamento no rio São Francisco, grandes obras para garantia energética, projetos de irrigação e transposição de águas, vendo a tentativa de construção de uma usina nuclear apoiada por alguns deputados e contra a maioria da população da região e do estado, não podendo dissociar este fator da extensão da Agroecologia no semiárido?
Sem dúvidas a Agroecologia é a retomada da capacidade dos povos e do bioma Caatinga de garantir sua existência, neste modelo de consumo já não é mais possível manter a sustentabilidade, sendo urgente a transição por outro modelo de produção para a garantia da qualidade de vida e preservação do ecossistema, rompendo assim com o agronegócio e sua forma covarde de aprisionamento da sociedade.
Os esforços dos governos estaduais e federais tem uma quebra quando chegam aos municípios, onde a maioria não constroem Políticas Públicas Municipais que acolham e implementem com eficiência os Planos de Desenvolvimentos de outras esferas do governo.
São transformações que trazem benefícios, pelo menos coloque freio na exploração predatória dos recursos da região semiárida.
Com uma homenagem da poetisa petrolandense Ivone Santos que recitou um verso para os participantes foi concluído o 1º SEMINÁRIO DE AGROECOLOGIA DO SERTÃO – IBIMIRIM e com a elaboração de propostas para construção de políticas voltadas para o setor econômico e segurança alimentar, melhor uso dos recursos semiáridos solo, sol, vento e água de maneira sustentável.
Por Assessoria/SEMINÁRIO DE AGROECOLOGIA